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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Faz tempo

Faz um tempo bom de pássaros hoje, um tempo
com iluminação indireta, o sol na lateral dos muros e teu olhar
Esse, atrás dos óculos naquela manhã que já nem lembro,
está nu
em minha mágoa

Faz um tempo de sal, com a umidade entranhada nas pedras
e minhas mãos mais úmidas
como fora tua pele em meu seio
e a respiração entrecortada
e  suor extremo
entre tremores

Faz este tempo, faz muito tempo

E eu recorro a homens e mulheres fugazes, a desejos trânsfugos que cansam
A sorrisos cálidos e gentis

Se tua voz meus ouvidos resgatassem
Faria um tempo agora
Sem tempo

Mas já passei, e teus rumores são lembranças
Num rio áspero, na carne tenra, nos músculos que asseguram que eu sou
Definitiva eu sou
em fogo e águas

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