Powered By Blogger

domingo, 27 de março de 2011

Deusa


Áspero é o pelo que recobre tua pele quase gasta nestas tardes em que pareces esperar
que eu repouse
em qualquer lugar que não seja teu corpo e
presa de uma gravitação abrupta em tua órbita
Eu caia
sobre ti, e meu peso
destruindo as imensidões de solidão que cativas
que cultivas em extensos arrozais e em rápido cigarro

Soa tua canção, eu não partirei qualquer dia
deixarei então que a entoes
e seu significado encontre meu corpo aberto, úmido de um ávido desejo
mordidas de bicho, oh bicho
que pobremente arrasta a solidão pelos cantos cristalizados do olho,
Em meus olhos: águas
Isto ah não terás tão facilmente agora que perdes
Tua conexão com o mundo, eu sou
poder de bruxa casta, de vento rubro de fogos, de casas abertas e claras
de uma eternidade que não tocas nunca

Exato corte de punhais
primavera gritada nos muros: gentileza gera gentileza
frutos alimentam frutos
palavras são silêncios cortados por rios
e eu navego

estendidas velas sopradas para o oeste de teu corpo
em órbita feroz de meu corpo celeste

Teu cometa me escapa
e definitiva vais pelo deserto perder-te, entrar pelo esquecimento que governa qualquer amor que não houve. Primaz só o vento do meu hálito
Deusa em tuas noites
Rasgo de sangue e gasolina em teus dias...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia de nascimento


Um homem caminha com seu destino nos bolsos, é lâmpada.
Retira lentamente duas palavras de si
e as oferece. Ninguém aceita prontamente, todos estão expectantes, ele ri
Com flores nos dentes

Eu as tomarei e serei também um pouco luz
braseiro

É certo que o tempo foge, e as mãos se inutilizam,
mas é possível, ele diz
É certo
Nem este tempo em fuga, nem as distâncias
Farão dos dias beijos
E das noites desejo

É melhor trabalhar para que cheguem rápido
O amor, o sonho,
e os prazeres

Eu vou assim tomada por alegrias imensas que te encontrarei justo agora
Ou adiante.

Estudo sobre a chegada II



Estendo meu verso branco desde a aurora.
Virás pelo caminho das poças de um orvalho denso
como o amor
e eu te reconhecerei quando te moveres em direção ao sol.
Olharei dentro do sol e tu me cegarás deste desejo,
em meu rosto tuas mãos guiarão o que verei então. Queimarei
por teus olhos, deusa, os pés
na sarça de Deus.
Entrego a ti esta poção mágica que faz o amor arder a frio.
Serei algoz de mim mesma.
Serei Deus e criarei teu corpo.

domingo, 20 de março de 2011

Estudo sobre a chegada I

O que é, a noite em teus olhos, o que é a noite? ... Eu tenho a noite que arremeda teus olhos de poços onde me debruço, esta noite santificada das criaturas de silêncio, e meu desejo vaga
em teus olhos negros, eu cega.
Estarão as campinas verdes amanhã?

O que é, o vento em teus cabelos, o que é o vento?... Eu desejo o vento que passa em teus perfumes, arrasta um doce caminho de teus perfumes. Quase antigo, um vento egípcio, santa Maria Madalena de meus olhos flutuas
em meus olhos, o mar, flutuas.
Fazem sons de folhas os passos dos amigos:
assustam o animal em meu corpo,  desejo que é lebre, tem os cães em seu encalço.
E segue o vento que voa de ti, perfume lasso em minhas narinas,
o desejo arisco voa para ti, os cães em se encalço.
Serão as campinas verdes amanhã?

Talvez navegues nos campos como nos meus olhos de mar. Lágrimas?
Terei que te saciam a boca, ressecada pelos ventos:
não há umidade neste vento que me cerca, se é tanto desejo?
Onde o teu desejo, que umedece os lábios e derrete a pele em líquidos distintos da água, corroída de sal.

Por que me feres? Em teu entorno balançam pássaros suas asas delícias brancas e mel. Mal posso tocar-te, são esses pássaros tolhidos de medo, e me ferem teus dedos de mel.
O decoro das peles muito lisas que te cobrem me fere, pelos de mel.
Maciez de tua voz que me afasta, risos de mel.
: La belle dame sans merci.

Caminho na campina, mas é noite e te debruças sobre o tempo, tornando negro o ar que me penetra.
Terás vagos os lábios para meus beijos?
Serão as campinas verdes amanhã?

Onde me abrigarei desta chuva fina em meus olhos, senão em tua longa cabeça deitada sobre o mundo?
O mar é meu desejo nos olhos.
O mar reflui o corpo e molda a suavidade de tua aproximação fugaz.
Virá, talvez, no vento dos dias claros e
serão as campinas verdes de mar.
: Em mim navegas.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Do Paraíso a Glória, o Redentor de braços abertos

Seriam minutos se não contássemos em anos, era o Paraíso. Pro dia nascer feliz no Paraíso, doce doce doce e teu sorriso, danças que danças mesmo se a música acabar e converso e converso mesmo se o sono chegar.

Agora, a Glória, Santa Tereza, Santos Dumont: e o Redentor de braços abertos. São 4 chegando a 5, serão milênios, serei infinita definitiva semente flor para tu saboreares o fruto


Mais te amo e sou
Vôo de pássaro
Em teu rumo

Migrarei definitivamente para o território do teu corpo
Publicar postagem

terça-feira, 15 de março de 2011

Ausência

Tu, à minha volta, és ausência. Repentinamente perco-me de ti e tu enches o universo com perfumes, sabores e risos: quase te posso tocar nas tuas fugas. Aí, descubro que te aproximas quando estou longe e foges à minha chegada.

Que és tu, sombra que me segue e acaricia? Mas se te abraço, desfazes em não-quereres.

Que olhar meu te captura?


E olha, eu só queria o encontro!
No aguardo de te desvendar, olho lentamente que dormes em meu colo, concha, mar. Não sonho. Abro caminho entre insônias para manter meu olho no teu olhar. Quase espreita.

Hold me, and make it the truth that when all is lost there’ll be you


 Todo objeto amado é o centro de um paraíso
E o ser amado, esta tua presença súbita em minha pele, estes teus olhos lagos em minha sede, e os teus cabelos, pesos: em regiões abissais, o afogamento?


Alinharão os planetas no teu rumo
E aportarão os reis sob tua bandeira
Meu remo quebrou-se, hoje.
Mas eu prometo. Antes da viração
Eu anoiteço em teu gozo.