Quando fez-se adeus
A palavra
Nenhum poema pode mais
brotar
neste rubi
em que se fez meu coração ensanguentado
Dobrado em promessas e mentiras cuidadosamente encastoadas entre nossos risos
E mais que tente
E mais que ame
E faça bandeiras com teu nome dos lençóis em que nossos corpos atados vis desencontram-nos
Perdendo o precioso gozo entre os pequenos prazeres de um cristal de vidro
Não faço mais poemas, não sinto mais o gosto de sangue quando beijo tua boca, a fome
Não sei dos olhos o que o caminho perdeu
E minha pele respira outros perfumes que não teu um
Enumeraria cada perda, cada silêncio dos poemas repousando em livros, e os contos de Rosa Montero pesando nas estantes, e os Fogos desabando nos planetas sórdidos dos amores fugidios de cada caça sem encontrar aquele que conterá todos os suicídios que ocorrem a cada dia em meu ser poético encarcerado entre tantos corpos, tantos beijos, tantos nomes sem nome que reverberam a ausência do teu,
Sombra do vento que foi minha palavra e teus ouvidos
Sombra do vento que foi minha palavra e teus ouvidos
E meu barco navega em um rio tonto que não alcança mais
o Mar
O teu único mar em tuas nádegas de tantas ondas
Vou por aqui embarcada buscando portos
que ancorem um corpo uma noite
um gozo
o grito
e nada mais
(Inexplicável como o amor sobrevive sem palavras, sem encontros, e sem adeus)

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