Um segundo
Outro segundo
Vítreo rio que escorre lento e quente entre as curvas deste corpo feto soluçante sobre a cama
(Drama)
Um minuto
Outro
Vaga-se pela casa, os quartos imensos oprimem cada osso que se dobra dobra e não se rompe
numa caixa torácica em que não cabe o ar
e as chamas as chamas não permitem a saída das lagrimas, as águas:
Só resta sal
Uma hora
E outra
Enredadas em cada fio de lembrança que se trança e
a presa exangue
entregue
frente a retratos a risos ao cadeirão à janela, ao cigarro aceso, ao café, ao lume, às pedras quentes do quintal de conchas
ao vento morno dessa qualquer tarde que são as todas tatuadas em mim
Um dia
Dois
E não sossego
E sua ausência me remove o gume
Dentro do silêncio que carrega palavras antigas em folhas soltas de papel de cor, e
nos muros recém pintados as tintas somem apagando aquilo que não não se desfaz de mim
Quisera o mundo fosse Raimundo ou fosse Antonio e talvez Fellipe,e mais Eduardo e John e seus saltimbancos
E fosse Robert e fosse Zé
Ou Mal e Val e Ale e Su e Pri e Pam e Li e She
E quem sem nome e quem sem olhos e quem sem cheiro, e só um corpo e só uma noite e só o sexo,
E seus beijos calmos
e seus beijos loucos
e seu corpo que eu já nem sei qual é
Mas só existe este não tempo
o espaço bruto de um precipício
Seu rosto e cheiro e nome e forma seus olhos o riso a cor o gosto a água
a água escura a água clara a água tanta a água fria a água quente e toda água
em minha sede
que já não passa
Só resta a mim
nestas lembranças
o sangue
o sumo de um silêncio
e o poema que não me cura o amor por ti
Um ano
Outro
Um século
Outro
O infinito enquanto eu dur(m)o

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