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sábado, 5 de novembro de 2011

Despedida

Partirei ao amanhecer quando o gelo do inverno estiver fazendo águas, ou
no momento exato em que o vento remover a última folha do outono,
                     Mas não irás perceber
                     estas marcas de autenticidade do tempo
Estarás  mais distraída que sempre
Tentando entender o sofrer
com a mesma racionalidade das ovelhas - à distância dos lobos.

(e na distância dos lobos, não poderás,
                                                           simplesmente)

Também te preocupam as razões do mundo (como se
o mundo pudese repousar e razões, e não em fogo)

E eu partirei
Na exata impossibilidade de te
florirem os olhos como as cerejeiras acasaladas com o vento

Não é preciso entender o amor
nem esperar a morte: ambos
estão no cerne de nós mesmos
que fazemos fugas
e mais
fazemos águas
naufragados em lágrimas
ou
desejos.

Mas trânsfugas dessa nossa mortalidade

Só o amor
Só ele e a morte definem a parcela de humano que há em mim
(e talvez em ti)

Quando eu partir, serei só
            esquecimento.

           E dróseras para os insetos

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