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domingo, 6 de novembro de 2011

33 dC


               transcrição de um jornal do dia:

        “Não há peixes
        O homem dos milagres
        não veio hoje”

sábado, 5 de novembro de 2011

Promessa

Esqueço-me de tudo, até do amor
             e do pão
Pois s inutilidades me atingem num vendaval de ausências e feijoeros secos

Faço preces de manhã para os sorrisos
            e cuido do gato

(não há mais uso para mulheres neste olvido)

Ontem, o crepúsculo era pálido, a noite esparramou-se apodrecida sobre os terraços
                 e nenhuma alma cantou
Fiz minha colheita de silêncios
e aqui estou

avesso de pintura, branco no branco, rastro de formiga no muro

Refestelada de brotos de lírios,  causo um certo iridescer no dia de amanhã

Despedida

Partirei ao amanhecer quando o gelo do inverno estiver fazendo águas, ou
no momento exato em que o vento remover a última folha do outono,
                     Mas não irás perceber
                     estas marcas de autenticidade do tempo
Estarás  mais distraída que sempre
Tentando entender o sofrer
com a mesma racionalidade das ovelhas - à distância dos lobos.

(e na distância dos lobos, não poderás,
                                                           simplesmente)

Também te preocupam as razões do mundo (como se
o mundo pudese repousar e razões, e não em fogo)

E eu partirei
Na exata impossibilidade de te
florirem os olhos como as cerejeiras acasaladas com o vento

Não é preciso entender o amor
nem esperar a morte: ambos
estão no cerne de nós mesmos
que fazemos fugas
e mais
fazemos águas
naufragados em lágrimas
ou
desejos.

Mas trânsfugas dessa nossa mortalidade

Só o amor
Só ele e a morte definem a parcela de humano que há em mim
(e talvez em ti)

Quando eu partir, serei só
            esquecimento.

           E dróseras para os insetos

Tempo

Em cada noite, uma gota
E a todo dia, um punhado
De hora em hora, mais se junta
De solidão
dentro de mim

Solidão em solidão se soma
Quase em escuro
dia sem dia é noite

Uma dose a mais, mais uma
E vem um deus voraz que rouba de cada riso a felicidade
Antes de amanhã morrerei
sem teu rosto