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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Esta é para a viagem para o colo do amor, o colo da mãe, o colo do pai, o amor BeneVidas


Poeminha de pó de estrada

Maninha, dá-me um chapéu que o sol é forte
neste caminho,
e não te esquece, maninha minha
de dar-me um copo limpo e uma garrafinha
com água clara, com clima frio, gosto de azul
e doze estrelas
que não se apagam feitas das chamas de teu olhar

Não deixa a porta fechada a chave
pois que já chego

Põe a água para nosso chá no fogo
com lenha seca: será farol. A estrada está densa
de outros corpos – e todos mortos –
e todos loucos
e sem destino: Posso enganar
de tua entrada. Por isso canta
aquela canção de ti, maninha,
do teu coração cheio de sangue a bombear,

Não sei, maninha
Há quanto tempo
estou vagando

Não sei, maninha
Se tenho forças
prá te encontrar

Mas urge agora, maninha minha
Ir ao encontro. Agora é tarde, agora é longe
Serei espectro. Se não te vejo, maninha minha,
serei penar.

A primeira


Manhã 1

Este dia com sua manhã, sua luz
Parecem adormecer, silenciar
Sobre teu sono...Amor,
Repousa e sonha
Descansa e vive as delícias de um despertar tranqüilo. Quisera eu
Ficar te olhndo
E mais te admirando, tão linda a luz
Branca de tua pele
Os fachos de cor em teu adorno
As ondas suaves de teu respirar

Quisera ficar sempre em órbita
De ti.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A Musa abduziu meu euzinho, que foi acolá com ela, tão safadinha,

Me arrastou foi milhas, e também uns outros tantos me fez voar com uma asa feita de papel riscado de palavras,
Ela me contou segredinhos que todo mundo sabe,
Mas tão deliciosos
e fez um enfeite com meus versos
que eles ficaram encantadores

Até ofereci ao meu amor que é muito.
Fiquei pasma
e calei.
A Musa não brinca, ela desfaz até penteado de laquê

E escorrega em tobogã sem tapete

Meu euzinho se deixou brincar com ela, agora tem jeito não, fez d' eu poeta!?

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Musa

Mocim fincou o pé
Na palavra e disse Tu é minha,
Ó Musa, me queira!

Madamezinha musa riu e fez um trajeto de esconde-e-caça
                      (à inglesa), eu fiquei é bem olhando de esguelha o homem entristecer,
Madame refestelar na chaise longue e fui

Fiz só o gesto
que ela esperava (aquele:
    Ô Musa, nem te ligo,...)

Ela veio mansinha e aninhou no colo. Sê besta!
Eu é que sei o que custou, essa Musa.

domingo, 6 de novembro de 2011

33 dC


               transcrição de um jornal do dia:

        “Não há peixes
        O homem dos milagres
        não veio hoje”

sábado, 5 de novembro de 2011

Promessa

Esqueço-me de tudo, até do amor
             e do pão
Pois s inutilidades me atingem num vendaval de ausências e feijoeros secos

Faço preces de manhã para os sorrisos
            e cuido do gato

(não há mais uso para mulheres neste olvido)

Ontem, o crepúsculo era pálido, a noite esparramou-se apodrecida sobre os terraços
                 e nenhuma alma cantou
Fiz minha colheita de silêncios
e aqui estou

avesso de pintura, branco no branco, rastro de formiga no muro

Refestelada de brotos de lírios,  causo um certo iridescer no dia de amanhã

Despedida

Partirei ao amanhecer quando o gelo do inverno estiver fazendo águas, ou
no momento exato em que o vento remover a última folha do outono,
                     Mas não irás perceber
                     estas marcas de autenticidade do tempo
Estarás  mais distraída que sempre
Tentando entender o sofrer
com a mesma racionalidade das ovelhas - à distância dos lobos.

(e na distância dos lobos, não poderás,
                                                           simplesmente)

Também te preocupam as razões do mundo (como se
o mundo pudese repousar e razões, e não em fogo)

E eu partirei
Na exata impossibilidade de te
florirem os olhos como as cerejeiras acasaladas com o vento

Não é preciso entender o amor
nem esperar a morte: ambos
estão no cerne de nós mesmos
que fazemos fugas
e mais
fazemos águas
naufragados em lágrimas
ou
desejos.

Mas trânsfugas dessa nossa mortalidade

Só o amor
Só ele e a morte definem a parcela de humano que há em mim
(e talvez em ti)

Quando eu partir, serei só
            esquecimento.

           E dróseras para os insetos

Tempo

Em cada noite, uma gota
E a todo dia, um punhado
De hora em hora, mais se junta
De solidão
dentro de mim

Solidão em solidão se soma
Quase em escuro
dia sem dia é noite

Uma dose a mais, mais uma
E vem um deus voraz que rouba de cada riso a felicidade
Antes de amanhã morrerei
sem teu rosto

domingo, 3 de julho de 2011

Fogos


Abri minha página de bolso, ainda em papel
E lá você escreveu
E deixou pra nunca ou para sempre, ainda não é certo o que poderá vir a ser
O fogo que arde e faz arder o coração e as terras altas de meu ser,
Então eu fui marcada neste fogo e vai arder
E vai queimar
E eu vou ser
Aquela que ama o fogo
A cada fogo que tua chama acender....

segunda-feira, 13 de junho de 2011

2012 Moções


Meu barco jaz exangue em seu porto:

Icei velas, fui a alto mar
Singrei os mares de piratas, de monstros e cheguei ao abismo vago do horizonte
Onde as terras incógnitas estão
E seus abrolhos, suas altas falésias e apenas
Uma baía calma pude encontrar.

Foram muitos dias, contarei em anos a viagem, desde que parti:
Foram 42 os anos de noites, de vento ou de calmaria,
As tempestades, os sóis, a solidão absoluta de ninguém
E foram as carnes, as águas escasseando em meu corpo
E foram as palavras as frases os silêncios se calando em meu rosto
E foram as rugas, os caminhos do tempo
E a dura espécie de solidão que germina em meus ombros com o peso dos mundos de atlas

Tudo tua descoberta desfez,
Todo desencontro
Todo cansaço persistente das velas levantadas
Todo do não acontecimento das velas baixas sem vento
Todo fragor das tempestades e a placidez das ausências
Tudo tu substituíste
Plenamente
E imensa

E destituíste a inutilidade das palavras
E eu cantei

E refizeste a alegria dos sonhos e
Eu vivi

Mas a baía é pequena como um travesseiro, não cabe todo o penar, as angustias e os medos com que vieste
E meu barco terá que partir, eu sei
E será logo
E será breve o tempo em que fui feliz.