I
Jurei que os corpos seriam paisagens, não portos
Jurei que as mãos seriam vôos, não tatuagem
Jurei que os beijos seriam gozos e não sonhos
E o mundo giraria para todo o sempre em rotas inesperadas
Mas você nem pensa
E vem
Com seu corpo feito de águas e peles brancas
A sua boca forrada de morangos a frio
E um olhar quase uma ferra em meus sentidos
Você nem pensa o quanto meu mundo
Perdeu seu peso e as juras
Sob o fogo em teus olhos negros, em teus olhos ávidos,
Sob o peso abrupto de tua voz em meus ouvidos,
E deslocou-me milhas adiante, em rota exata
para o eterno círculo de teu gozo.
II
Atrai-me saber que há mulheres em
outro continente
Noutro continente tem milhares de mulheres impunes em seu desejo
Desejam homens
Desejam
homens são como nacos de uma carne rígida e sóbria
Mas as mulheres os desejam não só as carnes
e a sobriedade. Pousa sobre elas o desejo
de transgredir os homens
denegri-los
limpar seus sapatos de couro e suas sandálias de pedra
e lavar com cabelos seus pés de barro.
Amar estes homens com sal e água
e com um zumbido
o algodão que tecem estas mulheres e
fazem vestes
para as crianças que ainda dormem
de bruços na aurora
de braços no oceano
destarte os continentes derivarem, o oceano tudo povoa
até as mulheres
Eu estou atraída por estas mulheres
mas não sei o que é o algodão de seu desejo
Riem. E passam o fio sobre os abismos e o oceano
Em outro continente.
III
Apraz-me um corpo
branco
no branco, lençóis brancos
e a tinta áspera do teu sangue
nos lábios
Meus lábios e teus rubros lábios
do sexo
Apraz-me teu gosto vívido, teus cheiros
e a respiração louca
que me rouba
o ar.

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