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sábado, 31 de agosto de 2013

Ela

Ela é um anjo
E rasga os dias
Como uma lâmina de guerra

Quisera o mundo coubesse
Duas guerras, o amor
de muitos,
O poema
feito em peles e o desejo
feito em sais

Pudesse, lhe daria um mundo
quase silencioso
quase rave
Quase caos e montarias

Fossem os deuses feitos
do mesmo barro
que nós

(Ela tinha um sorriso gauche, como Carlos. Os olhos imensos como abismos. As palavras arrebentadas em rochas de sarcasmo, dor.
Ela tinha espírito. Um gesto voraz que caminhava em meu corpo como as lesmas trilham, derramada de brilhos aquosos laminares)

Você

Eu vi você
Mulher de pequenos seios, largo gestos
um abismo guardado nos olhos
quase uma queda

Vi tua boca feita de beijos prometidos biblicamente
                arrependidos culposamente
E tímidos, descaradamente
(Quase uma recusa de beijos, quase mil
palavras)

Quase passou desapercebida
A tua exasperada aprendizagem
de voo

Os meus vazios
Tu tomaste como mistérios
E eu teria deixado que testasses o voo
Sobre o meu corpo sabendo a águas negras e gosto amargo

Mesmo assim
Me deste ternura
Uma ponte sem outro lado
Um corpo repleto de sais
E eu te dei tudo
O que são minhas palavras: inutilidades
enfeitadas,
Um desejo
Um nada.

O Fogo do dragão

Mulher que minha pele queima
em tua espera
em tua órbita

                              Corpo

de meus lagos olhos
de meus risos gozo
de minha sede

Dispo-me de todos os mundos
                            os outros corpos
                            os outros monstros (Só O dragão)

Eu sou o fogo
Dragão de fogo em que te queimas,
                             A sarça de deus

Engano

Estou pisando flores
                     em tua boca feita de
Desejos e palavras e um sarcasmo
doloroso

Vou com as armas prontas
e atirarei meu gozo
entre tuas pernas

Até que exangue
Tu te creias
Minhas

Proposta

Caso-me
Caso possas capturar o ontem
Que corrói o amanhã

E amarrar os cães das lembranças
 Que mordem meus calcanhares

Caso-me
Caso possas apagar
A rua
A rota
Este caminho
Que, em meu corpo, marcam os beijos teus

E saibas
Destruir castelos de ar
E
Lágrimas

Caso-me
Caso outra seja
A vida
Que me dás.

Deusa

Você procura uma deusa
 (não sei este papel de mulher glamorosa e doce,
que pedes)

Eu te dou
O caos
Uma série de golpes de olhares
Outra série de palavras avessas
Nesta arena
Destilando fel em mil solidões para afastar-te

Mas ficas girando
Nesta órbita voraz
da minha fúria

Até que eu te beije e beije
E mais

Te condenarei ao meu corpo

Vengeance

Vingo-me de ti
no papel branco
nas bocas úmidas dos moços

e no seu sexo roubado no banco de automóveis
que correm

Vingo-me de ti
em banhos longos
e mãos de moças em minhas coxas
e no seu sexo
entre meus dedos aprisionado

Mas
Como
Eu faço
para vingar-me de mim mesma?

Tempo

Abro vinhos vermelhos
Ríspidos

Respiro tabacos
incensos

Perfumo de flores meu leito

Desenho em papéis aos pedaços
A rota
e teus mapas

Quando é que vens?

Me ocupo
Dentro de mim mora um silêncio
espaçoso e doce
com umidades de estalactites
com reforço de rendados
nas janelas de vidro

e tapeçarias de beijos
olhares
alongando desejos
um minúsculo grão
em meus olhos, como um rio
              coletando águas
              para teus gozos