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terça-feira, 16 de abril de 2013

O coração de uma mulher

O coração de uma mulher
Não presta para comer, não presta
Para guardar
Não presta para conter

Para que, então, mulher, tens coração?

Para te rasgar e corroer teu riso e teus ciúmes
Para ser guardiã dos perfumes
que sonharás nos travesseiros quando longe te agarrares a bem sucedidas vidas luas e lutarás contra a solidão dos espelhos

Meu coração será a bússola
para o caminho que quiseras teu

Meu coração será o tambor que anuncia
que estás vazia e voraz
quando eu já fui

segunda-feira, 8 de abril de 2013

folha

Fiz um vôo

incerto

ao vento

acertei teu corpo chão
Um silêncio, um hálito de árvore, frutas apodrecidas no chão

estas palavras que não gastam


amor 
amor
asco

guardo todas em meu bau de adagas, até que me decida

ou tu
ou 
eu
ou
todos

Antiguidade

Estou pensando naquelas flores, que murcharam
nos vasos abandonados em nossa casa

As flores,
Os balões de aniversário
As figuras de xadrez
e teu retrato

Eu nunca pensei que partiria, que deixaria para trás essa beleza no ato de amor que fizemos
dia após dia
noite e toda noite

Mas haverá algo a me arrepender, se já fizeste o meu coração um novelo para os gatos?

Saberei que cada um
beijo
fará estragos irreversíveis no ato de amor e tua ausência

que reverbera nos espelhos nos domos empoeirados de niemeyer, e na tua boca que sorri e mente e sorri e mente e sorri e eu
cultivo algumas mentiras doces que não vazam

até que as flores murchas abram sua glória apodrecida
e nossos corpos e nosso amor seja o pó
nesse retrato