Poeminha de pó de estrada
Maninha, dá-me um chapéu que o sol é forte
neste caminho,
e não te esquece, maninha minha
de dar-me um copo limpo e uma garrafinha
com água clara, com clima frio, gosto de azul
e doze estrelas
que não se apagam feitas das chamas de teu olhar
Não deixa a porta fechada a chave
pois que já chego
Põe a água para nosso chá no fogo
com lenha seca: será farol. A estrada está densa
de outros corpos – e todos mortos –
e todos loucos
e sem destino: Posso enganar
de tua entrada. Por isso canta
aquela canção de ti, maninha,
do teu coração cheio de sangue a bombear,
Não sei, maninha
Há quanto tempo
estou vagando
Não sei, maninha
Se tenho forças
prá te encontrar
Mas urge agora, maninha minha
Ir ao encontro. Agora é tarde, agora é longe
Serei espectro. Se não te vejo, maninha minha,
serei penar.
