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segunda-feira, 13 de junho de 2011

2012 Moções


Meu barco jaz exangue em seu porto:

Icei velas, fui a alto mar
Singrei os mares de piratas, de monstros e cheguei ao abismo vago do horizonte
Onde as terras incógnitas estão
E seus abrolhos, suas altas falésias e apenas
Uma baía calma pude encontrar.

Foram muitos dias, contarei em anos a viagem, desde que parti:
Foram 42 os anos de noites, de vento ou de calmaria,
As tempestades, os sóis, a solidão absoluta de ninguém
E foram as carnes, as águas escasseando em meu corpo
E foram as palavras as frases os silêncios se calando em meu rosto
E foram as rugas, os caminhos do tempo
E a dura espécie de solidão que germina em meus ombros com o peso dos mundos de atlas

Tudo tua descoberta desfez,
Todo desencontro
Todo cansaço persistente das velas levantadas
Todo do não acontecimento das velas baixas sem vento
Todo fragor das tempestades e a placidez das ausências
Tudo tu substituíste
Plenamente
E imensa

E destituíste a inutilidade das palavras
E eu cantei

E refizeste a alegria dos sonhos e
Eu vivi

Mas a baía é pequena como um travesseiro, não cabe todo o penar, as angustias e os medos com que vieste
E meu barco terá que partir, eu sei
E será logo
E será breve o tempo em que fui feliz.